De saída, embaixadora dos EUA diz que plano de paz de Trump é 'melhor para Palestina'

A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, elogiou o tão prometido, mas ainda desconhecido plano de paz dos EUA para o Oriente Médio como um benefício para a Palestina. Apesar disso, eles já rejeitaram o plano, chamando-o de "bofetada do século".
Sputnik

Em sua última reunião do Conselho de Segurança da ONU na última terça-feira, a enviada dos EUA elogiou o plano de paz do governo do presidente estadunidense Donald Trump, que tem como objetivo fazer um avanço no processo de paz na região.

De acordo com ela, ambos os lados se beneficiariam muito de um acordo de paz, mas os palestinos se beneficiariam mais, e os israelenses arriscariam mais.

"Garanto que há muito para os dois lados gostarem", disse Haley, lembrando que cabe a Israel e à Palestina esclarecer os detalhes.

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O plano, de acordo com Haley, é "não apenas algumas páginas, contendo diretrizes não específicas e não imaginativas", mas um roteiro abrangente, com "detalhes muito mais detalhados" e "aproveitando o novo mundo da tecnologia".

Haley, que se intitulou como uma das defensoras mais veementes de Israel na administração Trump, destacou o "laço inabalável" entre os EUA e Israel, uma posição que foi consolidada durante seu mandato na ONU.

Um dos momentos mais controversos ocorreu quando os EUA reconheceram Jerusalém como a capital de Israel, o que indignou os muçulmanos na Palestina. Além disso, Washington reduziu a ajuda para a Palestina em cerca de US$ 500 milhões e deixou o Conselho de Direitos Humanos da ONU diante do seu "preconceito" contra Israel.

Enquanto Haley chamou a Assembleia Geral da ONU de "moralmente falida" por aprovar uma resolução que condenava Israel pelo uso de "força excessiva, desproporcional e indiscriminada" contra civis palestinos em Gaza, ela disse adeus ao Conselho de Segurança garantindo não ter preconceito contra a Palestina.

"Dado o meu registro, alguns podem erroneamente concluir que eu sou antipática com o povo palestino. Nada poderia estar mais longe da verdade", afirmou. Mudando de conciliação de conciliadora para condescendente, Haley afirmou que "Israel quer um acordo de paz, mas não precisa de um", acrescentando que os palestinos devem desistir de suas "demandas de 50 anos que se tornaram cada vez menos realistas".

Revolta palestina

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, insiste que Ramallah não aceitará qualquer plano de paz que não seja baseado na Iniciativa de Paz Árabe de 2002, que afirma claramente que o futuro Estado Palestino será estabelecido nos territórios ocupados por Israel desde 1967, com Jerusalém Oriental como capital.

Abbas tem repetidamente criticado o "acordo do século" patrocinado pelos EUA, dizendo em outubro que a Palestina e Jerusalém "não estão à venda nem à barganha".

Ainda não está claro o que exatamente está na proposta que foi elaborada por Jared Kushner, assessor especial de Trump, e seu enviado do Oriente Médio, Jason Greenblatt, que deve ser revelado no início de janeiro. No entanto, nem o lado palestino nem o lado israelense ficaram entusiasmados com a proposta que poderia ter se tornado a maior conquista da breve carreira diplomática de Haley.

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Falando em uma conferência em novembro, o ministro da Justiça israelense chamou o tão esperado plano de "perda de tempo".

A administração palestina, que se opôs ferozmente ao plano desde o início, recentemente atacou, chamando-a de "mentira" e "bofetada do século". Mahmoud Al-Habbash, um conselheiro sênior do presidente da Autoridade Palestina, sugeriu no mês passado que Abbas recebeu um enorme salário para abandonar Jerusalém — algo que ele se recusou veementemente a fazer.

"O presidente Abbas disse a eles: todos os bilhões de dólares do mundo não me farão desistir de uma polegada do solo de Jerusalém", disse Al-Habbash. Ele observou que o plano ainda precisa conquistar o apoio do mundo árabe, apesar das garantias de Washington de que eles estão a bordo.

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