EUA temem 'exigências bem justas' por parte de Pyongyang, acredita diplomata

Após a cúpula sensacional entre os EUA e a Coreia do Norte em junho do ano corrente, parece que a euforia de uma paz próxima está cada vez menos forte. Por que é que o processo ficou estagnado?
Sputnik

Na opinião do diplomata russo e chefe do Centro de Estratégia da Rússia na Ásia do Instituto de Economia da Academia de Ciências da Rússia, Georgy Toloraya, os EUA não se apressam a assinar o acordo de paz com a Coreia do Norte por temerem que nesse caso Pyongyang exija a retirada das tropas norte-americanas do país vizinho.

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A Guerra da Coreia, que decorreu entre 1950 e 1953, acabou com a celebração de uma trégua entre as tropas norte-americanas, que combatiam sob bandeira da ONU, e o exército norte-coreano junto com os voluntários chineses.

Até hoje, Washington tem refutado as tentativas norte-coreanas de assinar um acordo de paz, até que essa ideia foi expressa pelo presidente Donald Trump durante seu encontro com Kim Jong-un em 12 de junho.

"Os EUA acreditam que isso seria uma grande concessão, uma recompensa à Coreia do Norte, além de existir uma preocupação meio paranoica de que nesse caso a Coreia do Norte diria que, já que a guerra terminou, os EUA deveriam retirar suas tropas da Coreia do Sul, o que seria completamente inaceitável para Washington", disse Toloraya à Sputnik nas margens de uma conferência asiática do clube de discussão Valdai.

Na opinião dele, nesse cenário "os EUA ficariam em uma posição de quem está se defendendo, em uma posição muito desconfortável, em que os norte-coreanos apresentam exigências bem justas".

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Entretanto, acredita o entrevistado, essa preocupação é exagerada, pois a Coreia do Norte entende que isso não é realista, que essas tropas não serão retiradas e formam parte inerente do sistema de estabilidade criado, inclusive nas relações com a China. Se se retirar esse elemento, a situação vai mudar, embora não se saiba para que lado — bom ou ruim, opina Toloraya.

"Por enquanto, os norte-americanos consideram isso como uma concessão muito grande. Porém, recentemente eu tenho ouvido inclusive outras opiniões diferentes de que há uma certa vontade nesse sentido, talvez sob forma de uma declaração de paz, que não obrigaria a nada, mas que seria uma espécie de instrumento que se usaria para obter mais da Coreia do Norte. Provavelmente isso será o resultado da segunda cúpula entre os líderes dos dois países", resumiu.

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