Argentina será porta para empoderamento comercial russo na América do Sul?

Moscou valoriza Buenos Aires como um importante parceiro econômico, o que pode ser confirmado pelo respectivo fluxo de investimentos. Aliás, o país sul-americano parece ter se convertido em uma porta ao mercado regional para as empresas russas.
Sputnik

O chefe da missão diplomática argentina na Rússia, Rolando Pocovi, falou com a Sputnik Mundo sobre o estado das relações bilaterais.

Futura cúpula

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Na opinião do diplomata, os laços existentes são "excelentes" e podem seguir crescendo, dado que o potencial é enorme. Os frutos desta cooperação realmente são tangíveis, e a prova mais evidente disso é o comércio entre a Argentina e a Rússia que, de acordo com os resultados de 2017, superou US$ 890 milhões (quase R$ 3,4 bilhões).

Evidentemente, as relações bilaterais serão o tema-chave durante o encontro entre o presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo argentino, Mauricio Macri, às margens da cúpula do G-20, que acontecerá entre 30 de novembro e 1º de dezembro em Buenos Aires. De acordo com o diplomata argentino entrevistado pela Sputnik, durante o encontro é esperada a celebração de alguns acordos, provavelmente na área de pesca e de cooperação das agências regulatórias de medicina.

"O que esperamos é um diálogo franco e frutífero. Será a terceira vez que os presidentes Putin e Macri vão se encontrar neste ano. Por isso, há realmente muitas expectativas", confessou.

Empresas russas na Argentina

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Ao falar do tema das sanções que o Ocidente está introduzindo contra as empresas internacionais por trabalhar com a Rússia, o representante oficial argentino observou que a Argentina nunca apoiou este tipo de medidas econômicas como uma ferramenta política. Para ele, a política de sanções unilaterais é contraproducente.

Enquanto isso, as empresas russas estão investindo grandes quantidades de dinheiro em diferentes projetos no território argentino. Em alguns casos, as empresas russas até consideram localizar a produção de seus produtos no país, como é o caso da gigante de transporte russo Transmashkholding.

"Seria muito bom se a construção fosse local. Estamos muito ansiosos que o façam. Isto implica não somente a geração de emprego, mas também a baixa dos custos para a maior competividade da empresa", assegurou, acrescentando que isso, aliás, pode contribuir para certa transferência da tecnologia que não somente caberia à Argentina, mas a toda a América Latina.

A gigante de transportes já investiu três milhões de dólares (mais de 11,4 milhões de reais) no projeto de reintegração das oficinas de reparação ferroviárias de Mechita, na província de Buenos Aires, inativas desde 2011, onde se pode produzir e realizar as obras de manutenção de locomotivas e vagões. A empresa planeja estabelecer uma linha de produção nesta fábrica para logo exportar os produtos de lá para outras partes da América do Sul.

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Potencial de desenvolvimento

Para Pocovi, este exemplo de cooperação é muito exitoso e mostra todo o potencial das relações russo-argentinas.

"Temos muita esperança. Os investimentos não somente estão ligados ao ponto de vista econômico, mas também até onde vai o país. Os representantes da Transmashkholding creem e veem que a Argentina está indo na direção correta, o que nos alegra e satisfaz muito", adiantou.

Entretanto, esta não é a única empresa que investe dinheiro nos projetos na Argentina — por exemplo, o banco russo Gazprombank segue tentando desenvolver um projeto de instalação de um posto na zona do rio do Paraná, no sul da província de Santa Fé, porém, ainda está enfrentando problemas com a busca de localização.

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Outra empresa que está expandindo ativamente sua presença no país sul-americano é FosAgro, uma das maiores produtoras de fertilizantes. Pocovi, por sua vez, revelou que a empresa segue tentando avançar os seus negócios no país.

Os fertilizantes são responsáveis por uma proporção substancial do comércio bilateral russo-argentino, da mesma forma como no caso com o Brasil. Para promover o comércio em 2017, até foi logrado reduzir a taxa de importação do fosfato diamônico de alta qualidade até 6%.

"Os investimentos são um campo em que se joga muito capital. São fortes e todos os detalhes têm que ser ajustados e isso leva tempo. Mas a gente está resolvendo isso", concluiu.

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