Analistas sobre sanções americanas contra Caracas: 'país de fato está à beira do calote'

As novas sanções dos EUA sobre as operações com ouro da Venezuela causarão um forte impacto na economia do país latino-americano, afirmam analistas, prevendo a possível reação de Caracas.
Sputnik

No 1º de novembro, o líder estadunidense Donald Trump decretou novas sanções visando bloquear as operações da Venezuela com seu ouro. Segundo o documento, a administração dos EUA pretende impedir que as autoridades do país latino-americano "roubem as riquezas da Venezuela para seus objetivos corruptos".

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Washington também proibiu aos seus cidadãos comprarem ouro venezuelano e destacou que medidas semelhantes poderão ser aplicadas contra qualquer outro setor da economia da Venezuela, dependendo da decisão do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos junto com o Departamento de Estado.

Para os analistas, as sanções contra a exportação de ouro venezuelano pode dar um forte golpe nas finanças da Venezuela, já que o governo de Nicolás Maduro tem usado o metal precioso como alternativa ao petróleo, cuja produção está caindo.

"[Ao impor sanções] Trump está criando condições para pressionar as empresas e entidades que dão apoio técnico e financeiro à Venezuela. A possível solução do problema será exportar ouro ao mercado paralelo, mas será difícil realizá-lo", acredita o principal analista do banco russo Promsvyazbanc, Roman Antonov.

No momento, o único motor do PIB do país é o setor do petróleo, mas este está em baixa devido à falta de financiamento da infraestrutura, assim como às dívidas públicas de bilhões de dólares.
Assim, as restrições americanas afetarão seriamente a economia da Venezuela, que está precisando de cédulas.

"O país de fato está à beira do calote e as possibilidades de poder servir a dívida após a introdução das sanções americanas sobre as operações com ouro são mínimas", frisa outro analista bancário, Artem Kopylov.

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A Venezuela tem visto a venda de ouro como meio de se defender das sanções e da crise econômica. Agora, as ações dos Estados Unidos podem impedir a estabilização da situação no país, acrescenta Antonov. De acordo com os dados do Conselho Mundial de Ouro (WGC) no terceiro trimestre de 2018, o Banco Central da Venezuela foi um dos que compraram mais ouro (depois da Rússia, Índia e Turquia).

Ao mesmo tempo, a analista de mercados de commodities Oksana lukicheva opina que, com as novas sanções, os EUA tentam impedir os pagamentos em ouro por produtos e serviços, pois os pagamentos em dólares já são proibidos.

As reservas de ouro venezuelano constituíam em setembro de 2018 161,2 toneladas, diz o analista citando dados do FMI, indicando que quase todo o metal precioso permanece no território do país.

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