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Bolsonaro terá governabilidade?

Vencedor da eleição presidencial em segundo turno, Jair Bolsonaro encontra um país em grave crise econômica e dividido após uma campanha eleitoral polarizada e violenta. A Sputnik Brasil conversou com o cientista político Alberto Carlos Almeida sobre as condições de governabilidade do novo presidente.
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Com o radicalismo que marcou as eleições deste ano, o período entre o segundo turno e a posse promete ser muito mais que apenas um período de transição.

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O diretor do Instituto Brasilis, cientista político e sociólogo Alberto Carlos Almeida, em entrevista à Sputnik Brasil, observou que a sociedade brasileira estão se caminhando para um cenário de uma divisão maior. 

"As eleições no Brasil ficaram mais estreitas. Nós temos a eleição passada que em 2014 foi aquela com a menor margem, essa é a segunda menor margem. Talvez isso venha a ser o nosso normal. Então temos uma sociedade mais dividida com eleições mais equilibradas, a não ser em momentos muito específicos", declarou. 

"No início, o presidente 'pode tudo', se ele souber que caminho que ele quer trilhar, que proposições que ele gostaria de apresentar, o custo de negociação é menor, o Congresso é disposta, existe uma 'lua de mel'. Mas depois de algum tempo, esse tempo é incerto, essa lua de mel vai embora, e as negociações se tornam mais complicadas", observou. 

Segundo ele, é importante observar a partir de hoje os seus planos de Bolsonaro para a escolha dos ministérios. 

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"Tradicionalmente, no Brasil, o ministério tem que guardar certa proporcionalidade de força dos partidos no parlamento. Então se um partido tem 10% das cadeiras, em geral ele tem que ter 10% dos ministérios, ou pelo menos dos recursos discricionários na alçada do Poder Executivo. Se isso não for feito, ele já criou um problema pra si próprio, que foi a promessa de redução de ministérios. Então a diminuição de ministérios dificulta a sua negociação com o Congresso Nacional", argumentou o especialista. 

Alberto Carlos Almeida acrescentou que se o Bolsonaro conferir muitos ministérios a militares, ele diminui novamente a sua margem de negociação com a Câmara e o Senado. 

"Os presidentes que menos respeitaram essa regra de estabilidade ao governo foram Collor e Dilma, e os que mais respeitaram foram Fernando Henrique e Lula", concluiu.  

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