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Votações pacíficas deslegitimam suspeição levantada por Bolsonaro, acredita professor

Em mais de uma ocasião, o candidato Jair Bolsonaro levantou dúvidas quanto a lisura nas eleições, questionando a incapacidade de auditoria até insinuando recusa em aceitar um resultado que não a vitória. Para o cientista político e professor da UFOP Antonio Marcelo Jackson, as votações sem grandes ocorrências esvaziram as denúncias do capitão.
Sputnik

Em entrevista à Sputnik Brasil, Jackson afirmou que a suspeita em torno da segurança das urnas é "lamentável" e não se confirma na realidade. "É uma das poucas vezes em que estou afinado com o que diz a Justiça Eleitoral. O senhor Jair Bolsonaro se elegeu ao longo de mais de 20 anos através do mesmo sistema, por que uma fraude aconteceria justamente agora?", questiona.

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O especialista, que é professor do Departamento de Educação e Tecnologias (DEETE) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em Minas Gerais, explica que cada urna funciona "como um computador desconectado do mundo, sem acesso à internet" e que o sistema de votação permanece praticamente inalterado desde a introdução de urnas eletrônicas, à exceção da forma de apurar os votos ao final: no início, eles eram gravados em um disquete, depois em CD-ROM e hoje vão direto para um pen-drive.

"Fraudar uma eleição demandaria alterar várias urnas ao mesmo tempo, uma ação coordenada matematicamente impossível. É um absurdo que se discuta essa tese, mas penso que isso foi exarcebado com o Aécio Neves em 2014, ao questionar os resultados. O PSDB abriu uma caixa de pandora com essa ação", critica.

Jackson chamou a atenção, porém, para a inversão na ordem de votação para o Legislativo. Diferentemente de outros anos, em 2018 o eleitor votou primeiro para deputado federal e só então para estadual. A mudança, acredita o especialista, pode ter confundido muita gente.

"Infelizmente, o analfabetismo funcional é um problema sério no país, que se reflete na hora do voto. É este também um dos principais motivos de fake news, já que uma notícia mentirosa geralmente se apoia em frases curtas e tópicos emocionais", avalia.

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Jackson também negou que a implantação do voto impresso pudesse contribuir para aumentar a segurança em torno do pleito. Para o professor, o registro digital do voto ainda é uma das melhores proteções em regiões nas quais eleitores se veem pressionado a votar em candidatos da milícia ou de coroneis.

"Duvido muito de quem defende o voto impresso, tenho desconfianças das motivações destas pessoas. É abrir espaço para o controle do eleitor".

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