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Especialista: custo ambiental pode ter afetado viabilidade econômica da Alunorte

A empresa norueguesa Norsk Hydro anunciou hoje a suspensão das atividades na Alunorte, maior fábrica de alumina do mundo, localizada no estado do Pará, oito meses depois do incidente provocado pelo despejo irregular de resíduos no meio ambiente, que provocou danos ao ecossistema da região.
Sputnik

Em comunicado divulgado nesta manhã, a companhia explicou que a decisão de interromper os trabalhos teria sido causada pela falta de autorização para instalar um novo depósito de resíduos na localidade, medida necessária para dar seguimento às operações, uma vez que o depósito existente estaria próximo de atingir sua capacidade. 

Desde março, a Alunorte vem operando com apenas 50% de sua capacidade, exigência feita pelas autoridades brasileiras após as denúncias de contaminação em Barcarena (Pará). De acordo com os investigadores, durante fortes chuvas que atingiram Barcarena no final de fevereiro deste ano, resíduos de bauxita contaminada foram despejados pela companhia no ambiente através de tubulações clandestinas, contaminando o solo e rios das áreas próximas. Além da obrigação de cortar temporariamente pela metade a sua produção, a empresa ainda foi punida pela justiça com uma multa de R$ 150 milhões.

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Segundo o oceanógrafo e engenheiro ambiental David Zee, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), pelo que ele tem acompanhado sobre o caso até agora, existem de fato vários indícios de práticas ilícitas mantidas pela Alunorte, que levaram os órgãos fiscalizadores a fazer várias exigências que parecem não estar progredindo. Para ele, é possível que a viabilidade econômica do empreendimento tenha sido comprometida, do ponto de vista da empresa, com essas adaptações exigidas pela justiça, o que pode justamente estar impedindo esse progresso e o entendimento entre as partes. 

"Quando eu falo de viabilidade econômica, tem que se levar em consideração também o custo ambiental. Ou seja, as medidas preventivas, as medidas reparadoras e as medidas compensatórias, isso tudo custa um recurso que tem que ser incorporado ao custo de produção", disse ele em entrevista à Sputnik Brasil. 

Zee explica que toda essa problemática envolvendo a Alunorte pode ter reflexos econômicos não apenas para o país mas também em escala global. De acordo com ele, devido ao tamanho da empresa, suas operações influenciam diretamente a produção mundial de alumínio.

"Pelo fato ou ameaça de não produzir mais alumínio, afeta inclusive a bolsa de valores."

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