Na ONU, Maduro acusa EUA de perseguição, mas se diz aberto ao diálogo

Durante seu discurso na 73ª Assembleia Geral da ONU o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou os EUA, mas afirmou que está disposto a encontrar-se com Donald Trump.
Sputnik

"Nosso país está acossado, agredido. Ontem, neste mesmo lugar, o presidente dos Estados Unidos da América falou mais uma vez contra o nosso nobre povo da Venezuela, defendeu […] a doutrina Monroe [América para os americanos]", afirmou Maduro.

O líder venezuelano afirmou que seu país foi impedido do uso do dólar como moeda de intercâmbio comercial e também para financiamento.

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"Hoje a Venezuela está submetida a sanções ilegais", acrescentou.

Além disso, Maduro afirmou que foi construído a nível mundial uma campanha contra a Venezuela sustentando uma falsa crise humanitária previamente justificando uma possível intervenção militar. Maduro apontou que seu país foi submetido a uma guerra midiática e política sem precedentes.

Ele ainda disse que o país tem sido alvo dessas medidas por ter adotado um modelo econômico e social diferente do que é promovido pelos Estados Unidos e também pelos recursos naturais que o país possui, como petróleo, ouro e gás.

Disposição para o diálogo com os EUA

Apesar da tensão entre as duas nações, o presidente venezuelano afirmou que está disposto a conversar com Donald Trump acerca das temáticas desejadas pelo presidente dos EUA.

"Estou disposto a falar com agenda aberta com o governo dos Estados Unidos sobre todos os temas que queiram, falar com humildade e franqueza, sinceridade. A Venezuela defende, como presidente do Movimento dos Países não Alinhados a bandeira do diálogo entre as civilizações", afirmou.

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O chefe de Estado sinalizou que seu país pratica de maneira permanente o diálogo político internacional e a solução dos conflitos através do uso pacífico da política e não da força.

Ele ainda aproveitou o discurso para destacar conquistas da Venezuela na última reunião da OPEP, realizada na Argélia este mês.

Ele afirmou que os resultados para seu país foram extraordinários e que estes serão de grande ajuda na manutenção da estabilização do mercado de petróleo.

Atentado contra Maduro

O presidente venezuelano pediu que a ONU envie um delegado especial a seu país para investigar o atentado contra sua vida, que ocorreu em 4 de agosto. O presidente foi atacada com explosivos carregados por drones enquanto discursava em uma parada militar.

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"Quero pedir que seja nomeado um delegado especial da Secretaria Geral das Nações Unidas que conduza uma investigação independente e de caráter internacional sobre as implicações dos responsáveis sobre o ataque terrorista de que fui vítima em nosso país", pediu Maduro.

Ele ainda acrescentou durante seu discurso que o sistema judicial da Venezuela está aberto para processar os responsáveis que forem apontados, classificando o atentado como o mais grave da história política venezuelana.

Fim do bloqueio contra Cuba

Maduro ainda afirmou a necessidade do fim do bloqueio econômico dos EUA contra o povo cubano.

"Nós apoiamos o chamado das Nações Unidas para que se acabe com o bloqueio infame, criminoso de 50 anos contra o povo de Cuba. Já basta dos métodos anacrônicos", disse Maduro, acrescentando que o mesmo que foi feito contra Cuba está agora sendo feito contra a Venezuela.

"Agora exigindo que acabem as práticas imperiais, as práticas de coerção contra o povo, hoje podemos dizer que passamos por 20 anos de revolução e os últimos três anos têm sido os mais duros", apontou.

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