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Bolsonaro representa perigo aos direitos humanos de minorias, diz alto comissário da ONU

O alto comissário da ONU para Direitos Humanos, o jordaniano Zeid Al Hussein, disse que discursos como o do candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, sobre direitos humanos podem representa "um perigo" para certas parcelas da população a curto prazo e ao longo prazo um risco para o país "como um todo".
Sputnik

"Quando as pessoas estão ansiosas, quando existem incertezas econômicas, globais ou não, por conta da crise nas commodities nos últimos anos, ao dar uma resposta simplista e tocando nas emoções naturais das pessoas — e talvez olhando para uma liderança mais forte, firme — é uma combinação que é bastante poderosa", disse Zeid em uma entrevista coletiva.

Em entrevista para a Sputnik Brasil, o deputado federal e presidente do Partido Social Liberal (PSL), Victório Galli, criticou a fala do alto comissário de direitos humanos da ONU.

"Hoje quem está tendo direito é bandido, então a gente tem que dar direito e segurança para humanos direitos. Porque essa questão de direitos humanos está sendo aplicada para humanos ‘indireitos', essa é a grande verdade desse país", afirmou.

Bolsonaro frente a frente com a bancada do Jornal Nacional
Já para Beto Vasconcelos, secretário Nacional de Justiça do Governo Dilma e especialista em Direito Internacional Público, Zeid Al Hussein acertou no seu comentário.

"A preocupação que o Alto Comissário da ONU é bastante significativa, correta e significa uma preocupação dele, já externalizada em outros momentos com movimentos conservadores e movimentos que colocam em risco direitos humanos em todo o mundo. Nos preocupa esses discursos ocorridos aqui no Brasil seja pelo candidato à Presidência da República ou por outros pleiteadores de mandatos aqui por várias razões", afirmou.

Vasconcelos foi além e disse que Bolsonaro erra ao propor "soluções simples para problemas complexos".

"[Bolsonaro] nos coloca uma imensa preocupação em discursos superficiais e em soluções simples para problemas altamente complexos. Denotam também uma incompreensão sobre o país e sobre como administrar os problemas reais de uma nação. Um discurso ralo, superficial, agressivo, intolerante que cultiva ódio na sociedade e não traz soluções para problemas reais", disse.

Zeid deixa o cargo no final desta semana e será subistituído pela ex-presidente chilena Michele Bachelet. Durante seu mandato, o jordaniano foi uma das principais vozes contra movimentos populistas ao redor do mundo. Se opôs a Trump e atacou de forma dura a repressão do governo de Nicolas Maduro, na Venezuela.

Bolsonaro chegou a declarar que se for eleito deixaria a Organização das Nações Unidas, mas depois voltou atrás e disse que apenas sairia do Conselho de Direitos Humanos da entidade. "Não serve para nada essa instituição", disse o candidato.

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