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Como o cigarro causa bilhões de reais em prejuízo ao Brasil?

Nesta quarta-feira (29) comemora-se no Brasil o Dia Nacional de Combate ao Fumo. O tabagismo traz prejuízos bilionários ao país devido ao seu impacto na saúde dos cidadãos. A Sputnik Brasil ouviu o médico pneumologista, Alexandre Milagres, que explicou os malefícios o uso do tabaco e o que pode ser feito para combater o consumo do cigarro.
Sputnik

O Dia Nacional de Combate ao Fumo foi criado no Brasil pela Lei nº 7.488/86, para que o governo promova durante uma semana por ano "uma campanha de âmbito nacional, visando a alertar a população para os malefícios advindos com o uso do fumo".

Segundo o estudo "Tabagismo no Brasil: Morte, Doença e Política de Preços e Esforços", do Ministério da Saúde, o país tem um prejuízo anual de R$ 56,9 bilhões com o tabagismo.

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Parte desse montante é de gastos com despesas médicas, R$ 39,4 bilhões e outros R$ 17,5 bilhões com problemas como morte prematura e incapacitação de trabalhadores, impactando a produtividade. O estudo foi feito com base em dados de 2015. Além do prejuízo financeiro, segundo o estudo, 428 pessoas morrem por dia em consequência do tabagismo, 12,6% das mortes no país em um ano.

Para comentar o tema, a Sputnik Brasil entrevistou Alexandre Milagres, pneumologista da Fundação Ataulpho de Paiva e militante da causa antitabagista.

Milagres participou ativamente do lobby da criação do Dia Nacional de Combate ao Fumoa, à época do presidente José Sarney. A criação da data pôs o Brasil à frente da Organização Mundial da Saúde (OMS), que em 1989, três anos depois, instituiria uma data parecida em âmbito mundial, o 31 de maio.

"O Brasil está ranqueado como uma das experiências de controle do tabaco mais exitosas do planeta. A gente tem um índice de redução de prevalência do fumo no país que nenhum país alcançou. A gente passou de 36% a 32% [de fumantes] da população e hoje estamos em torno de 10%. Ninguém conseguiu alcançar esse resultado fantástico", enfatiza o pneumologista.

Ele alerta, no entanto, que recentemente o consumo de tabaco aumentou ligeiramente e aponta que o principal grupo nesse aumento foi o de mulheres.

"O que nós estamos observando agora é um ligeiro aumento desse consumo, notadamente entre os jovens, adolescentes do sexo feminino. As meninas, me parece, ainda estão precisando de um reforço de conscientização dos riscos do tabaco", aponta.

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O tabagismo é responsável por cerca de 6 milhões de mortes anuais no mundo inteiro, que tem 1 bilhão de fumantes. Segundo Milagres, esse número chega a quase 2,2 bilhões de fumantes passivos, ou seja, pessoas expostas à fumaça do cigarro. Esse tipo de fumante, segundo a OMS, figura como 10% das mortes mundiais em decorrência do tabagismo.

Apesar da queda mundial no consumo de tabaco, Alexandre Milagres afirma que novos artifícios estão em voga mundo afora para incentivar o uso do tabaco, como é o caso do cigarro eletrônico e seus semelhantes. Ele afirma que no Brasil esse tipo de produto ainda não é permitido, mas que há pressão para a liberação.

Porém, ele alerta que há um aumento do consumo de Narguilés no país. Seja em rodas de amigos, seja em bares e comércios voltados ao produto. Segundo o médico, esse produto é tão perigoso quando o tabaco e gera um consumo maior de substâncias tóxicas.

"Uma sessão inteira de uso de Narguilé equivale a você fumar 100 cigarros. Então o consumo de cigarro via Narguilé, o consumo das substâncias tóxicas é extremamente perigoso", informa o pneumologista.

Além de ações governamentais já existentes, o médico aponta que há no Congresso Nacional projetos que podem garantir ainda mais impacto na diminuição do consumo de tabaco.

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"A gente busca que os maços de cigarro não tenham mais uma cara vermelhinha, azulzinha, aquela marca da empresa, que seja um maço neutro, o que já está sendo adotado em diversos países, como França, Reino Unido, Austrália e agora o Uruguai, o primeiro da América Latina", aponta.

Além disso, Milagres defende o Projeto de Lei Complementar 4/2015 para criar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre "a fabricação ou a importação de tabaco e seus derivados" para financiar iniciativas de tratamento e prevenção de doenças causadas pelo tabaco.

Ele cita também o Projeto de Lei nº 769/2015, que tramita no Senado que, de uma vez só, padronizaria os maços, proibiria a propaganda de cigarros nos pontos de venda e também proibiria o consumo de cigarro em veículos com menores em seu interior, tornando o ato uma infração de trânsito.

Apesar do lobby da indústria do cigarro, Milagres acredita que esses projetos intensificariam a campanha contra o cigarro no Brasil, impactando positivamente as contas e a saúde dos brasileiros.

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