Notícias do Brasil

Ondas de calor podem matar mais pobres e moradores de regiões próximas ao equador

Um estudo publicado nesta terça-feira (31) pela revista científica PLOS Medicine aponta que o número de mortes causadas por ondas de calor aumentará sem parar nas próximas décadas.
Sputnik

Dos 20 países avaliados pela pesquisa, o Brasil aparece em terceiro lugar nas projeções de pessoas que vão à óbito por consequência do calor. Fica apenas atrás da Colômbia e das Filipinas.

Intervenção militar americana no Irã: 2018 ou 2026?
Em entrevista à Sputnik Brasil, o médico e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Paulo Saldiva, um dos autores do estudo, disse que as cidades que vão sofrer mais as consequências das mortes relativas ao calor são aquelas que ficam em latitudes menores.

"O que nós verificamos é que as cidades que ficam em regiões próximas ao equador, cidades do nordeste, norte do Brasil, países do norte  do continente africano, cidades da América Central são aquelas que vão pagar um preço mais alto em termos de número de mortes", afirmou.

A pesquisa foi feita por cerca de 40 cientistas e analisou o número de mortes por ondas de calor em 412 cidades de 20 países, de 2031 a 2080.

Segundo Saldiva, infelizmente muitos países não possuem dados precisos em relação às causas de mortalidade. Isso não permitiu, por exemplo, que os cientistas fizessem uma análise sobre  o impacto das aumento da temperatura em países do Golfo Pérsico.

Ex-secretária britânica compara apoiadores do Brexit a quem nega aquecimento global
"Nós ficamos amarrados a trabalhar nos lugares onde você tinha dado de mortalidade confiáveis", explicou.

Paulo Saldiva alertou também para o fato de que populações de baixa renda são as que mais sofrem com as ondas de calor. Em São Paulo, por exemplo, o número de mortes aumenta 50% em um período de altas temperaturas.

"Mais uma vez a exclusão a social das cidades vai representar uma carga maior para quem menos tem, para quem menos pode. Isso não só é um problema ambiental e climático, mas fundamentalmente ela remete a questões de direitos humanos e direitos fundamentais das pessoas", comentou.

O professor da USP também explica que ao analisar o comportamento de grandes cidades é possível ter um termômetro do que vai acontecer no restante do planeta.

"As cidades antecipam muito as alterações climáticas previstas para ocorrer nos próximas décadas porque as cidades possuem ilhas de calor, então embora trágico elas são laboratórios precisos para entender o que vai acontecer quando a temperatura mudar", explicou.

Comentar