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A segurança no Rio tem solução? Especialistas criam agenda com propostas para candidatos

Foram oito meses de trabalho congregando o think tank de políticas públicas Instituto Igarapé e especialistas de diferentes órgãos da segurança pública e da justiça criminal. O resultado foi a "Agenda Rio Seguro", documento com eixos propositivos que será entregue a todos os pré-candidatos ao governo do estado do Rio de Janeiro.
Sputnik

Em entrevista à Sputnik Brasil, a coordenadora do programa de segurança pública e justiça criminal do Instituto Igarapé, Michele dos Ramos, diz que a ideia foi sistematizar propostas concretas para a agenda de segurança pensando nas eleições desse ano. Com o documento, o Instituto espera orientar a elaboração de diretrizes pelas pessoas que vão se apresentar no pleito, mas também ajudar a população a se atentar para os aspectos necessários no combate à violência.

"Temos um cenário de exceção aqui no Rio com a intervenção [federal] e queremos conseguir trabalhar em frentes para evitar a repetição ou a continuidade deste cenário. O trabalho na Agenda se iniciou antes do período da intervenção e deve reforçar soluções que impactem no sentimento de insegurança da população e que tenha um resultado efetivo na redução do aumento em alguns índices de criminalidade, além de apresentar um caminho de médio e longo prazo", avalia Michele.

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A cientista política defende que a segurança pública não deve ser encarada como uma política apenas reativa e que, portanto, é necessário delinear estratégias que impactem na reversão sustentável do quadro de violência do estado.

O Instituto, portanto, divide as propostas em seis eixos: recomendações na área de governança, prevenção de violência (especialmente levando em consideração os grupos mais afetados por esta, como os jovens), a gestão das polícias (revisando protocolos de operação e priorizando o acompanhamento da saúde mental e física dos policiais), execução penal (gestão racional dos sistemas das prisões e fortalecimento de medidas alternativas para quem cometeu crimes não-violentos), controle de armas e munições (com foco nos desvios, capacidades de rastreamento e enfrentamento do tráfico de armas) e por fim, mecanismos de controle da polícia do sistema prisional (promovendo a transparência entre agentes prisionais e aprimorando o controle externo com o Ministério Público).

Foco em inteligência é primordial, avalia especialista

"Uma das questões centrais é oferecer capacidades de atuação e do bom desempenho da ação policial através da formação, além de intensificar valorização salarial da categoria e o acompanhamento da tropa em operação. O Rio tem altos números de vitimização de letalidade policial e há tecnologias que ajudam a reverter isso, melhorando também a alocação de efetivos e aprimorando as investigações", defende Michele.

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Sobre este último aspecto, Michele defende que o trabalho de inteligência é primordial na redução da criminalidade registrada no estado.

"Muitas vezes a gente pensa só no aspecto ostensivo, mas tem todo o trabalho investigativo que precisa ser fortalecido. Precisamos dotar a polícia das melhores ferramentas para que ela exerça bem sua função", argumenta. "Segurança pública é condição para o desenvolvimento, é muito difícil avançar em outras pautas sem garantir a vida e a integridade das pessoas, enquanto o sentimento de insegurança permeia a população. Por ser tão importante, é fundamental investir em políticas que deram certo, não permitam retrocessos nessa agenda".

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