Pequim fortalece seus interesses econômicos na África através da exportação de armas

Entre 26 de junho e 10 de julho na China foi realizado o primeiro Fórum de Defesa e Segurança China-África, organizado pelo Ministério da Defesa chinês. Prevê-se que o fórum deva contribuir para o aprofundamento da cooperação sino-africana na área da defesa e segurança.
Sputnik

Do fórum participaram militares de 50 países africanos, bem como representantes da União Africana. Os militares chineses mostraram a seus colegas africanos as capacidades das forças terrestres, navais e aéreas e discutiram vários temas como os planos da África de fortalecer sua defesa e segurança, bem como a cooperação militar entre a China e a África.

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Nos últimos anos muitos países desse continente têm aumentado as importações de armas chinesas. Segundo o Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês), entre 2013 e 2017 a exportação de armas chinesas para África aumentou 55% em comparação com 2008-2012.  É de sublinhar que, no mesmo período, a África reduziu em 22% o volume total de importações de armas, aumentando de 8,6% para 17% a cota-parte da China nessas importações. Os EUA, por sua vez, são responsáveis por apenas 11% das importações.

A China aumentou não apenas o volume das suas exportações militares, mas também a gama de armas exportadas, bem como o número dos seus parceiros comerciais na África. Pequim fornece armas à Nigéria, Tanzânia, Chade, Gâmbia, Namíbia, Burundi, Moçambique, Gabão, Zâmbia, Zimbábue, Gana, Marrocos, Sudão, Iêmen, Camarões, Níger e Ruanda. 

O especialista do Centro de Estudos Africanos da Academia de Ciências da Rússia, Nikolai Scherbakov, comentou em entrevista à Sputnik China por que Pequim quer ganhar a concorrência no mercado de armas africano.

"Tradicionalmente, a maioria dos países africanos depende dos fornecimentos de armas das ex-metrópoles ou, antes disso, da União Soviética e do Leste Europeu. Para os chineses, Pequim deve suplantar os fornecedores tradicionais e declarar-se como grande exportador de armas e equipamento militar. A China pode vender tudo isso de forma eficaz", explicou ele.

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O Fórum de Defesa e Segurança China-África é um meio bastante eficiente para atingir esses objetivos, porque dá uma oportunidade aos militares africanos de conhecer as capacidades militares chinesas e estabelecer relações pessoais. 

Para o especialista em assuntos internacionais do Instituto Chinês de Comunicações, Yang Mian, o fórum ajudará os países africanos a fortalecer a sua segurança contra o terrorismo e a violência. 

"O terrorismo e o extremismo violento se fazem sentir em várias regiões africanas. Ali atuam organizações extremistas locais, tais como o grupo Boko Haram ou a Al-Qaeda no Magreb Islâmico [ambos proibidos na Rússia]. Por isso, as autoridades locais devem fortalecer suas capacidades de defesa e a China pode ajudá-las a fazer isso. As partes devem fortalecer a sua cooperação no que se refere à luta contra o terrorismo", explicou o especialista.

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Além disso, tendo em consideração que na África está florescendo a pirataria, o que, por sua vez, afeta a segurança regional, a África e a China, bem como os EUA, poderiam combater em conjunto este fenómeno. No ano passado a China inaugurou a sua base militar em Djibuti, no nordeste da África. Os navios militares chineses realizam patrulhas contra a pirataria na região. 

Yang Mian sublinhou também que as armas e equipamento chineses são mais vantajosos que os dos países acidentais no que se refere ao rácio custo-benefício. Ao mesmo tempo, a ajuda externa de Pequim não é acompanhada de quaisquer condições políticas. A China não tenta, como os países ocidentais, controlar a situação dos direitos humanos e o sistema de poder na África. Tudo isso pode contribuir para cooperação profunda entre a China e África nas áreas de defesa e segurança. 

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