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Em domingo de despachos, prisão de Lula volta a agitar cenário político brasileiro

A política brasileira foi agitada hoje pela decisão de um desembargador de colocar em liberdade o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso desde abril em Curitiba. Mas, antes que a determinação pudesse ser cumprida, outro desembargador ordenou a manutenção da prisão, provocando intensas manifestações.
Sputnik

Mais cedo, Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), acatou, durante regime de plantão, um pedido de habeas corpus apresentado por deputados do PT, reconhecendo a pertinência de um fato novo no caso Lula, a pré-candidatura do político à presidência nas eleições de outubro. No entanto, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, no Paraná, questionou a legitimidade de Favreto, alegando que ele não teria competência para determinar a soltura do ex-chefe de Estado. Em meio a esse impasse, o relator da Lava Jato em segunda instância, o desembargador Pedro Gebran Neto, emitiu um despacho determinando a continuação da prisão, que foi seguido de outra determinação de soltura por parte do plantonista. 

As polêmicas em torno desse episódio fizeram subir a temperatura novamente das manifestações de apoio e contrárias ao ex-presidente neste domingo. Em declarações à imprensa, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ), vice-líder da oposição, voltou a destacar o caráter político da condenação de Lula, dizendo que ele só está preso porque segue sendo o favorito da maioria dos eleitores para governar o Brasil.  

"A injustiça dói muito, e ele só está lá porque lidera as perguntas, lidera as intenções de voto do povo brasileiro. E nós sabemos que essa decisão [de prender Lula] é política e que Lula é um preso político", afirmou a parlamentar. 

Já a presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, utilizou as redes sociais para pressionar as autoridades:

Opositor ao ex-presidente Lula, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), também pré-candidato à presidência, condenou a tentativa de libertarem o ex-chefe de Estado, o único que, hoje, poderia derrotá-lo na corrida pelo Palácio do Planalto, segundo as pesquisas, aproveitando para criticar mais uma vez a esquerda. 

Na mesma linha de Bolsonaro, João Doria, ex-prefeito de São Paulo pelo PSDB, também aproveitou a ocasião para atacar o Partido dos Trabalhadores e alertar para uma suposta partidarização do judiciário brasileiro.

Também possível candidata a presidente, Marina Silva preferiu adotar um discurso mais neutro no meio dos debates acalorados deste domingo:

"Acompanho com atenção e preocupação o desenrolar dos últimos acontecimentos. O estado de Direito é pilar da Democracia e a observância às normas e regras processuais é o caminho pela qual é possível legitimar a proteção jurídica a quem quer que seja", disse ela. "A atuação excepcional de magistrado, durante um plantão judicial de fim de semana, não sendo o juiz natural da causa, não deveria provocar turbulências políticas que coloquem em dúvida a própria autoridade das decisões judiciais colegiadas, em especial a do STF", acrescentou.

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