Como míssil Hwasong-14 evitou intervenção norte-americana na Coreia do Norte?

Em 4 de julho de 2017, a Coreia do Norte lançou pela primeira vez um míssil balístico intercontinental, o Hwasong-14, desenvolvido especificamente para alcançar o território continental estadunidense.
Sputnik

O míssil, que agora completa um ano, garantiu a paz e a estabilidade na Ásia, opinam os autores de um artigo na revista Military Watch.

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"Enquanto a Coreia do Norte era capaz durante a década de 1990 de atacar alvos na Coreia do Sul e no Japão, o seu objetivo final sempre foi um [arsenal] de dissuasão capaz de alcançar os Estados Unidos, objetivo que alcançou depois de o Hwasong-14 ter passado os testes", explica o artigo.

Os EUA nunca excluíram a possibilidade de iniciar um conflito armado direto com a Coreia do Norte. Embora as despesas de uma intervenção militar na Coreia do Norte tivessem sido consideradas altas para os EUA, e uma guerra pudesse levar à morte de centenas de milhares de pessoas, senão milhões, na Coreia do Sul, Japão e China, a intervenção era mesmo assim apoiada por muitos militares e autoridade civis norte-americanos como uma medida necessária para impedir que Pyongyang ganhasse a paridade nuclear com Washington.

A Military Watch lembra o caso do republicano Lindsey Graham. O senador do estado da Carolina do Sul justificava as baixas japonesas, chinesas e sul-coreanas com o argumento de que essas baixas não seriam estadunidenses.

"Será horrível, mas a guerra será travada lá [na região Ásia-Pacífico], não aqui. Será ruim para a península da Coreia. Será ruim para a China, para o Japão. Será ruim para a Coreia do Sul. Será o fim da Coreia do Norte, mas não vai atingir a América", afirmou.

Declarações parecidas foram feitas pelo congressista Duncan Hunter, defensor de um ataque nuclear preventivo contra os norte-coreanos, e pelo coronel Ralph Peters, com a opiniões e justificações na mesma linha.

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Herbert McMaster, assessor de Segurança Nacional do presidente norte-americano Donald Trump até abril de 2018, definiu a "catástrofe humana" que poderia acontecer na Coreia do Sul no caso de um ataque contra o seu vizinho, como o "preço que deve ser pago" para proteger os EUA.

"Ultimamente, o Hwasong-14 mudou as regras do jogo ao obrigar os EUA a refazer os seus cálculos em relação à Coreia do Norte. Combinado com o poder militar do país e com outras plataformas de ataque tais como o submarino Pukkuksong, o Hwasong-12, Assassino de Guam, e o segundo míssil balístico intercontinental, o Hwasong-15, que tem até maior alcance e será testado no próximo mês, foi a chave para dissuadir os ataques dos EUA", avaliam os autores.

Uma vez que a Coreia do Norte passou a ter os componentes necessários para atacar os EUA, ao menos hipoteticamente, os norte-americanos perceberam que iniciar uma guerra contra o Estado asiático não excluiria um ataque contra o seu próprio território.

Ao resumir, o artigo ressalta que o impacto dos testes bem-sucedidos destes mísseis na segurança na Ásia Oriental não deve ser subestimado e contribuiu muito para garantir não só que a Coreia do Norte vai continuar em paz, mas também para que os seus vizinhos — Coreia do Sul, Japão e China — ficarão também protegidos de uma guerra destrutiva.

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