Estupros, crianças-soldado, canibalismo e outras atrocidades que guerra trouxe ao Congo

A organização das Nações Unidas (ONU) publicou em 3 de julho um relatório registrando violações e atrocidades, como canibalismo, cometidas no conflito armado na República Democrática do Congo (RDC), segundo o RT.
Sputnik

O conflito se desencadeou no fim de 2016 entre a milícia do líder local Kamwina Nsapu, o grupo Bana Mura e as forças armadas da nação africana junto com outros grupos.

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Em particular, o escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (EACDH) destaca que entre janeiro e maio deste ano foram registradas 2.858 violações. Além disso, o texto do relatório da ONU alerta sobre o aumento destes casos, que no mesmo período de 2017 alcançou 2.332.

Pessoas deslocadas

A organização internacional sublinha que atualmente em todo o país há 4,4 milhões de deslocados internos devido à violência. A ONU expressou preocupação especial com o ambiente hostil nas províncias de Kivu do Sul e do Norte, assim como nas províncias de Kasai e Maniema, onde aumentou o número das operações de grupos armados como Mai-Mai.

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Por outro lado, o relatório apontou o fato de por um terço das violações e abusos, incluindo sexuais, "parecem ter sido responsáveis as forças armadas congolesas".

Também de acordo com especialistas da ONU, no conflito armado sofrem muitas crianças, pois com frequência são forçadas pelas milícias a combater sem armas ou apenas com paus", enquanto as forças armadas utilizam armas automáticas. Porém, quase nenhum destes casos foi submetido a processo judicial, escreve RT, citando o relatório.

Canibalismo

Entre outras crueldades do confronto o relatório indica os casos de canibalismo: "Uma vítima nos disse que em maio de 2017 ela viu um grupo de milicianos de Kamwina Nsapu em que alguns deles carregavam genitais femininos como medalhas", diz o documento citado pela Reuters.

Outras vítimas relataram ter visto pessoas que cortavam, cozinhavam e comiam carne humana e bebiam sangue.

O relatório também reporta casos quando meninos foram forçados a estuprar suas mães, meninas foram convencidas que a bruxaria iria fazer com que elas pudessem capturar balas, outras mulheres foram forçadas a escolher entre estupro em grupo ou a morte.

Desconfiança no processo eleitoral

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Neste contexto, o documento da ONU afirma que não há garantias para confiar na legitimidade de um possível processo eleitoral, previsto para 23 de dezembro.

A ONU observa que "se intensificou a intimidação de ativistas dos direitos humanos e jornalistas e continuam sendo registrados muitos casos de detenções arbitrárias por parte das forças de segurança".

O documento destaca que uma das razões para a crise local pode ser a excessiva permanência no cargo do presidente Joseph Kabila, que chegou ao poder em 2001, quando mataram seu pai Laurent-Désiré Kabila.

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