Por que a China se mostra tão ansiosa para fortalecer amizade com norte-coreanos?

Os diplomatas chineses superam os seus colegas norte-americanos no estreitamento das relações com a Coreia do Norte, opinam analistas.
Sputnik

Vários dias antes da visita a Pyongyang do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, marcada para 5 de julho, em Pequim estão sendo realizadas consultas de alto nível a fim de ajudar a Coreia do Norte a sair do isolamento internacional.

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Os especialistas entrevistados pela Sputnik China notaram que o convite à China da delegação do Ministério das Relações Econômicas Exteriores, encabeçada pelo vice-chefe da instituição, Ku Bon-tae, reflete a vontade firme das duas partes de procurar vias de cooperação econômica a longo prazo.

Já não é a primeira vez que a China atua mais depressa do que os outros na península coreana. Um exemplo disso é que o encontro do presidente chinês, Xi Jinping, com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, ocorreu antes da cúpula coreana. Vários dias antes da cúpula da Coreia do Norte e EUA em Singapura, Kim Jong-un mais uma vez foi a Pequim para se encontrar com Xi.

"Agora a China está demonstrando com muita diligência que é o melhor amigo da Coreia do Norte", considera o especialista do Instituto do Extremo Oriente, Konstantin Asmolov. Conforme ele, isso não é de surpreender porque nas relações entre os dois países há um degelo. Pequim não pode admitir que a Coreia do Norte se aproxime da América.

"Mike Pompeo também vai tentar, possivelmente, chegar a algum acordo com Pyongyang, propor algumas condições ligadas ao desenvolvimento da Coreia do Norte. Por isso, pelo visto, nestes dias os norte-coreanos tentam entender em Pequim o que lhes pode propor a China. É claro que Pyongyang conta com que as propostas chinesas acabem por ser melhores do que as condições norte-americanas. Entretanto, lá conhecem e estimam a experiência de cooperação econômica tanto chinesa, como russa", reforçou.

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Durante a sua terceira visita à China durante os últimos três meses, Kim Jong-un não só informou Xi Jinping sobre os resultados da cúpula em Singapura, mas também se interessou pela experiência da China no desenvolvimento econômico.

Ao que tudo indica, o mesmo está fazendo a delegação norte-coreana em Pequim. Pyongyang entende que o apoio de Pequim é necessário para a reorientação do país para o desenvolvimento econômico, opina o diretor do Centro de Estudos das Coreias da Academia de Ciências Sociais de Lyaoning, Lu Chao. Nos anos recentes, a China sempre incitou a isso a Coreia do Norte, tentou mudar a sua conduta via estímulos econômicos e comerciais. Agora, quando a Coreia do Norte deu a entender que se abstém das provocações, chegou o momento mais favorável para isso, diz o analista:

"A comunidade internacional saúda o anuncio da Coreia do Norte sobre a sua decisão de corrigir a sua estratégia nacional com ênfase no desenvolvimento econômico. O líder norte-coreano, Kim Jong-un, já visitou a China três vezes [neste ano]. Em 1-2 de julho ele visitou a zona especial de cooperação econômica sino-norte-coreana na província norte-coreana de Pyongan Norte. Ele também examinou a fábrica de cosméticos na região administrativa especial de Sinuiju [na fronteira com a China]. Pode-se ver que a Coreia do Norte tem vontade de uma continuação do fortalecimento da cooperação econômica com a China.

No que se refere à parte chinesa, ela apoia firmemente a viragem estratégica da Coreia do Norte para a desistência das armas nucleares e seu foco no desenvolvimento econômico. A China e a Coreia do Norte são vizinhos amistosos. É claro que a China vai apoiar totalmente o processo de desenvolvimento econômico da Coreia do Norte. Ao mesmo tempo, as sanções do Conselho de Segurança da ONU em relação à Coreia do Norte continuam em vigor, e a China continua as cumprindo de forma consequente. O vice-ministro das Relações Econômicas Exteriores norte-coreano chegou à China principalmente para discutir a cooperação na esfera agrícola, nos transportes e em outras áreas. Estas esferas não são abrangidas pelas resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre as sanções, nelas as partes podem manter uma cooperação econômica normal", explicou.

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Pyongyang conta obviamente com a ajuda de Pequim para lançar o procedimento de cancelamento das sanções internacionais. É muito provável que a delegação norte-coreana discuta essa questão no decorrer das consultas econômicas em Pequim. Pyongyang pode contar com que a China apoie o cancelamento das sanções e preste ajuda financeira, ao desenvolvimento do comércio e à cooperação em investimentos. Mas para isso Pyongyang também tem que convencer Washington da sua sinceridade, bem como da irreversibilidade do processo de desnuclearização. Esse é o principal problema nos contatos americano-norte-coreanos no futuro próximo. Por isso é evidente que de Pequim se pode esperar o aumento da atividade diplomática para o cancelamento das sanções apenas se houver progressos nas consultas entre os EUA e a Coreia do Norte.

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