Vírus são usados como armas biológicas: mito ou realidade?

A Rospotrebnadzor – agência russa responsável pelo controle sanitário – e a Universidade Federal do Extremo Oriente (UFEO) anunciaram a abertura do Centro Internacional de Tecnologias Moleculares (CITM) na cidade de Vladivostok.
Sputnik

A principal tarefa do CITM será monitorar as ameaças biológicas provenientes de países da Ásia Oriental: China, Coreias e Japão. Além dos projetos de pesquisa, o centro treinará virologistas, bacteriologistas e especialistas em doenças infecciosas.

O portal Lenta.ru entrevistou Mikhail Schelkanov, professor da Escola Biomédica da UFEO, chefe do laboratório de virologia da Academia de Ciências e doutor em biologia, para esclarecer se a Rússia realmente precisa se defender de bioterrorismo.

"Eu não quero assustar ninguém, mas as discussões sobre bioterrorismo são atuais. Qualquer agente infeccioso, se usado adequadamente, pode se tornar uma arma biológica. Felizmente, não há muitos especialistas qualificados o suficiente no mundo para produzir e usar de modo efetivo essas armas", explica o biólogo.

Schelkanov ressalta que todos os especialistas de alto nível se conhecem, então é quase impossível produzir uma arma desse tipo e espalhá-la anonimamente. 

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"O principal lema dos virologistas é 'se você quer paz, prepare-se para a guerra'. A demonstração de que um país realmente possui tecnologias modernas e é altamente competente é a melhor prevenção contra atos de bioterrorismo", afirma o cientista.

Ele acrescenta que teoricamente é possível projetar um novo vírus, mas, no caso de projetar um ataque, seria mais fácil e mais eficaz selecionar cepas do vírus com as propriedades desejadas ou encontrar vírus raros no ambiente natural.

Um dos modos mais comuns de penetração de um vírus em um país é obviamente o turismo. Assim, nas últimas décadas, os russos visitam cada vez mais países estrangeiros, particularmente lugares exóticos, e trazem doenças para casa.

No entanto, a Rússia tem um dos melhores sistemas de biossegurança do mundo, herdado da era soviética. Todos os anos, há entre 100 e 300 casos de doenças importadas, especialmente da Ásia. Todas são detectadas rapidamente, diagnosticadas corretamente e localizadas operacionalmente até atingir a escala de surtos epidêmicos.

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"Essas são manobras permanentes para repelir o bioterrorismo", explica ele.

Mas isso não se limita a vírus humanos – plantas e abelhas são as que mais sofrem com epidemias. Obviamente, essas doenças não são transmitidas para os seres humanos, mas prejudicam a agricultura e a economia mundial de modo importante.

A partir desse ponto de vista, o Extremo Oriente é uma região especial, muito singular e concreta em termos de agentes causadores de doenças virais e seus vetores. Schelkanov argumenta que desistir de estudar esses agentes significa destruir o sistema de segurança biológica da Rússia.

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