Coreia do Norte não deve se surpreender se for traída pelos EUA, diz analista

Os EUA têm um histórico duvidoso de cumprir suas promessas, e a Coreia do Norte deve estar sempre vigilante enquanto lida com isso, afirmou um analista chinês, citando a conduta frouxa de Washington sobre o acordo nuclear com o Irã e em outros lugares.
Sputnik

O encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un foi em grande parte um sucesso — pelo menos essa é a linha oficial de ambos os lados —, mas não significa que Pyongyang não deveria ter cautela nas negociações com Washington, alertou Victor Gao, diretor da Associação Nacional de Estudos Internacionais da China.

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"Os EUA não têm um bom e sólido histórico de manter suas promessas. Veja o que aconteceu com o Iraque, veja o que aconteceu com a Líbia, veja o que aconteceu com a Síria, veja o fato de que os EUA e o presidente Trump decidiram sair do acordo nuclear com o Irã", disse à RT, quando perguntado sobre perspectivas para o acordo bilateral que Trump e Kim assinaram em Singapura na terça-feira.

"Todos esses são sinais muito alarmantes para a Coreia do Norte e eu não ficaria surpreso se eles [percebessem] que os Estados Unidos mudaram de posição de novo e de novo e de novo", afirmou o especialista chinês.

A Coreia do Norte também deve tomar cuidado com os riscos que podem surgir se entregar suas armas nucleares, alertou Gao. Ele apontou para um "grande descompasso entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte" sobre o que exatamente significa desnuclearização e como isso deveria ser alcançado.

O julgamento de Gao ecoa o do governo iraniano, que antes aconselhava Pyongyang a ser cauteloso quanto às intenções de Washington. "Acreditamos que o governo coreano deve lidar com essa questão com muito cuidado, porque a natureza do regime americano não é algo otimista", disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Bahram Qassemi.

Sob a declaração conjunta, os EUA concordaram em fornecer garantias de segurança para a Coreia do Norte, enquanto Pyongyang reafirmou seu "firme e inabalável compromisso com a completa desnuclearização da península coreana". Os dois países também concordaram em construir confiança e começar a trabalhar para repatriar os restos identificados de soldados mortos ou capturados durante a Guerra da Coreia.

"Não havia muita substância na declaração e levará muito tempo [para alcançar] o que eles concordaram na declaração", comentou Gao.

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No entanto, há razões para ser "muito otimista sobre o fato de que a reunião realmente ocorreu", disse Gao. "É claro que, se você observar o que aconteceu nos últimos seis meses, houve um desenvolvimento de montanha-russa", acrescentou ele, referindo-se aos altos e baixos do diálogo norte-coreano. "No entanto, é muito bom que o presidente Trump se acalmou pelo menos por hoje".

Perguntado se a China teme ser afastada do processo de reconciliação, Gao destacou que Pequim "não se preocupa com a chamada perda de controle sobre a Coreia do Norte". Ambos os países desenvolveram um vínculo especial desde o fim do processo. A Guerra da Coreia e o fato de o governo chinês ter despachado seu Boeing 747 para transportar Kim Jong-un para Singapura fala por si mesmo, acrescentou.

"Eu não acho que a China tenha um desejo egoísta pela península coreana", disse Gao.

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