Especialista: ações de Washington no mar do Sul da China são provocação e desafio a Pequim

A China acusou os EUA de entrarem em suas águas territoriais. Em entrevista ao serviço russo da Rádio Sputnik o especialista militar Andrei Golovatyuk explicou o porquê do conflito.
Sputnik

Navios militares dos EUA entraram sem autorização nas águas territoriais da China, comunicou o porta-voz do Ministério da Defesa chinesa, Wu Qian.

Navios dos EUA realizam manobras perto das ilhas disputadas no mar do Sul da China
De acordo com ele, o destroier USS Higgins e o cruzador de mísseis USS Antietam passaram a uma distância de 12 milhas náuticas das ilhas Paracel.

O Ministério da Defesa chinês qualificou as manobras dos navios norte-americanos como uma provocação, contrária às leis chinesas e às normas internacionais. Além disso, o ministério prometeu reforçar as medidas de segurança no mar e no ar, bem como proteger a soberania do país.

O Pentágono também comentou o incidente. De acordo com o seu porta-voz, tenente-coronel Christopher Logan, os navios dos EUA operam no mar do Sul da China no âmbito das leis sobre a livre navegação. 

As ilhas Paracel são um arquipélago no mar do Sul da China situado a 230 quilômetros da China e 200 quilômetros do Vietnã. Desde 1974, a China estabeleceu seu controle sob o território, porém, o Vietnã e Taiwan continuam reivindicando seus direitos sobre as ilhas. 

Pequim não mudará postura sobre mar do Sul da China apesar da pressão, opinam analistas
Em entrevista ao serviço russo da Rádio Sputnik, o coronel e especialista militar Andrei Golovatyuk opinou que os motivos do agravamento das tensões em torno do território disputado são as ações provocadoras dos EUA.

"Desde 1974, a China começou a estabelecer o controle sobre as ilhas [Paracel], mas elas continuam sendo um território disputado […] Porém, os EUA não reconhecem a jurisdição chinesa. Os norte-americanos, ao passarem a 12 milhas das ilhas, violaram a integridade territorial chinesa, segundo as leis chinesas. Os EUA não concordam com isso e afirmam que podem realizar suas manobras onde quiserem", explicou.

De acordo com o analista, trata-se uma situação explosiva. 

"É um desafio para a China e um ato de insolência e desrespeito em relação a Pequim. Agora começarão acusações mútuas. Não gostaria que esse incidente se tornasse um confronto de grande escala já que a região está tão militarizada […] que basta uma faísca para desencadear um grande incêndio. Espero que os chineses demonstrem sensatez e não sucumbam às provocações dos norte-americanos", assinalou Andrei Golovatyuk. 

Anteriormente, o Pentágono retirou o convite a militares chineses quanto à participação das manobras no Pacífico. O chanceler chinês, Wang Yi, após o encontro com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, qualificou este ato como "não construtivo".

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