Previsão de Washington se concretiza com 'boom' na indústria de drones russa

Os veículos não tripulados, vistos há anos como um ramo deficiente do exército russo, retornam em força. O vice-ministro da Defesa do país revelou a situação atual de três projetos ambiciosos, destinados a superar o atraso tecnológico nessa área em comparação com outras grandes potências mundiais.
Sputnik

Se os robôs teleguiados terrestres de produção russa — tecnicamente são drones também — costumam suscitar preocupações ou inveja dos seus concorrentes, faz anos que as aeronaves não tripuladas do país se consideram significativamente inferiores às dos seus concorrentes estrangeiros.

A indústria do país vai combatendo este desafio com projetos cada vez mais sofisticados, e parece que em 2018 muitos destes esforços finalmente vão dar seus frutos.

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Os analistas militares dos EUA têm avisado em diversas ocasiões que seus "prováveis rivais", sobretudo a China, mas também a Rússia, vão avançando em seus projetos de aeronaves não tripuladas, e que, em breve, a supremacia total do Pentágono neste domínio seria desafiada.

As recentes declarações do vice-ministro da Defesa russo, Yuri Borisov, publicadas na página web da entidade, confirmam esta teoria.

De acordo com o alto responsável militar, a indústria bélica da Rússia está em fases finais de testes de três projetos: Korsar, Orion e Altius.

O pequeno Korsar: tudo pronto

O drone de reconhecimento e de ataque ao solo Korsar estreou na Parada da Vitória neste ano, o que, em si mesmo, aponta para a disponibilidade do aparelho para fabricação em série e seu uso real.

Korsar, uma aeronave relativamente pequena, de seis metros e 200 quilos, tem uma autonomia de voo de 10 horas e um raio de alcance de 160 km. No futuro, a empresa fabricante prevê aumentar a distância máxima de ação.

"O Korsar desempenha todas as funções operacionais relacionadas com os drones. É um aparelho muito 'fresco', acabou de concluir as provas, e a Defesa vai comprá-lo em série", disse o vice-ministro russo.

O veículo é usado para missões de reconhecimento ou para apontar as unidades de artilharia e armas de alta precisão, mas também é capaz de portar modernos mísseis antitanque para eventuais missões de combate.

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O drone de reconhecimento e de combate russo Orion foi desenvolvido como análogo do MQ-9 Reaper norte-americano e até seu design aerodinâmico foi inspirado por esse veículo.

Em muitos aspectos, a criação desse aparelho tem sido crucial para a indústria aeronáutica russa.

A empresa fabricante afirma que muitas das tecnologias necessárias para o projeto simplesmente não existiam na Rússia e foram elaboradas de forma autônoma, já que importar não era uma opção a considerar.

"Este ano, terminamos as provas [do drone] e fizemos nossos pedidos ao fabricante. Já é um aparelho muito sério para as missões operacionais e será capaz de portar 450 quilos de carga útil e permanecer no ar por até 30 horas", informou Borisov.

O nome "Orion" ficou ligado ao projeto após a apresentação de sua versão para exportação, com características reduzidas. Dentro da indústria russa, o aparelho é designado como "Inokhodets", literalmente "Cavalo Andador".

O pesado Altius: ensaio de protótipos

O nome prévio do drone pesado de classe estratégica russo é Altius, mas é mais conhecido pelo nome de Altair, que é usado amplamente nos meios de comunicação russos.

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O aparelho, primeiro de seu tipo na Rússia, e também com consideráveis diferenças dos projetos estrangeiros em seu design, tem 12 metros de comprimento e pesa cinco toneladas.

Com a capacidade de voar a uma altura de 12.000 metros e a distâncias de até 10.000 quilômetros durante 48 horas, o Altair proporcionará ao exército russo capacidades inéditas de reconhecimento e de missões de combate.

"Eu acho que ao longo deste ano nós terminaremos as provas do drone pesado Altius, capaz de levar até duas toneladas de carga útil", informou o vice-ministro da Defesa.

Contudo, Borisov comentou apenas os projetos diretamente solicitados e monitorados pela sua entidade. Além disso, várias empresas russas estão trabalhando com projetos de aviões para uso civil ou militar por sua própria conta.

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