Londres quer uma 'pequena guerra vitoriosa' contra Rússia para ganhar popularidade

As acusações do Reino Unido contra a Rússia no caso do ex-agente duplo russo, Sergei Skripal, envenenado na Inglaterra, são tão infundadas como as declarações que o Ocidente fez antes de invadir o Iraque em 2003, opinou o embaixador russo em Londres, Alexander Yakovenko.
Sputnik

"É muito provável que o gabinete veja esta crise como uma 'pequena guerra vitoriosa' que lhe permita ganhar pontos dentro do país, mas isso não dará certo", disse o diplomata à edição Mail on Sunday.

"A presunção de inocência é um princípio legal universal e o ónus da prova recai sobre o governo britânico", sublinhou Yakovenko, comentando as exigências de Londres que Moscou apresente provas de sua inocência no caso Skripal.

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"Não sabemos se o Reino Unido apresentou algumas evidências aos EUA, França e Alemanha – o mais provável é que não – mas se o fez, por que não as apresentaram através dos canais estabelecidos na Convenção sobre a Proibição das Armas Químicas?", disse ele.

Além disso, o embaixador russo comparou as acusações não provadas do caso Skripal com as das armas de destruição em massa, que Londres e Washington usaram para justificar a invasão ao Iraque 2003.

"Naquele momento duvidar dessas declarações dos EUA e Reino Unido se considerava como uma louca teoria da conspiração. Agora a situação mudou", sublinhou o diplomata.

As relações entre Moscou e Londres se deterioraram no início de março depois de o ex-oficial de inteligência russo Sergei Skripal e sua filha terem sido encontrados inconscientes em um centro comercial na cidade de Salisbury.

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A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, chegou a afirmar que era "altamente provável" que a Rússia fosse responsável pelo incidente. Já na quarta-feira (14), ela anunciou um pacote de medidas contra a Rússia, expulsando os diplomatas russos do país e suspendendo contatos bilaterais entre Londres e Moscou.

Neste sábado (17), a Rússia anunciou medidas de retaliação contra o Reino Unido, declarando 23 funcionários da Embaixada do Reino Unido em Moscou como personae non gratae em resposta ao movimento de Londres. O Ministério das Relações Exteriores também revogou seu acordo sobre abertura e operação do Consulado Geral do Reino Unido na cidade russa de São Petersburgo, segundo o comunicado. Além disso, foi tomada a decisão de encerrar as atividades do British Council na Rússia, já que seu "status legal não foi definido".

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