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'Quem matou Marielle?', presidente do PSOL comenta repercussão e hipóteses

A Sputink Brasil entrevistou Juliano Medeiros, presidente do PSOL que comentou a repercussão do assassinato da vereadora Marielle Franco, na noite da quarta-feira (14).
Sputnik

O assassinato brutal de Marielle e seu motorista Anderson Pedro Gomes repercutiu nacional e internacionalmente. Juliano conta que apenas nesta sexta-feira já deu declarações a jornais dos Estados Unidos, da Argentina, do Chile e da Venezuela.

No Brasil, a quinta-feira (15) foi marcada por protestos em diversas cidades do país, que levaram dezenas de milhares de pessoas às ruas. Juliano lembra que os membros do partido estão ainda muito tristes com a notícia, e indignados com a situação. Porém afirma que a solidariedade também emociona.

"Não chega a compensar, mas minimiza um pouco o que estamos sentindo, perceber a solidariedade que estamos recebendo de partidos, instituições e movimentos sociais do mundo todo. Acho que nunca o PSOL foi tão comentado no mundo e sempre em um contexto de solidariedade, de amizade e provocar um reconhecimento da Marielle".

Juliano Medeiros também recorda que a quinta-feira (15) foi de protestos no país inteiro, e acredita que esse tipo de crime já não é algo tolerado pelo povo brasileiro. Ele ressaltou a presença de mulheres negras das manifestações, que lideraram os gritos de denúncia contra o genocídio negro no Brasil e a violência de gênero.

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"De alguma forma essa violência que atingiu a todos no PSOL e na esquerda brasileira como um todo também é um alerta contra a violência política, contra a violência contra mulheres, contra mulheres negras. Eu estive ontem no ato no Rio de Janeiro e foi muito impressionante ver o empoderamento, a força, a energia e a indignação de centenas, milhares de mulheres, de mulheres negras que estavam nas ruas para dizer que vidas negras importam".

Essas manifestações, segundo Juliano, foram de maioria espontâneas, sem convocação por partidos.

Na sexta-feira (16), no entanto, conta o presidente do partido, o site do PSOL amanheceu com muitos comentários de teor ofensivo, ameaçando a organização e desmoralizando sua ação.

"Nas minhas redes sociais, no Twitter, Facebook, Instagram, eu também recebi vários xingamentos de pessoas que não toleram que uma parte da sociedade brasileira já não suporta mais conviver com esse tipo de coisa. Que vai tomar as ruas, vai se levantar, vai gritar, e vai dizer que uma parte da elite branca desse país vai ter que conviver com parlamentares negras, mulheres, da favela. Isso é uma realidade que chegou pra ficar".

Muitos desses ataques desvalorizam a ideia de direitos humanos e afirmam que a vereadora teria sido vítima do que ela mesma defendia, ironizando sua atuação na defesa de populações vulneráveis. Essa situação deixa preocupado o presidente do Partido Socialismo e Liberdade.

"O contexto de ódio, o contexto de intolerância que nós estamos vivendo, pode levar a isso agora. Agentes políticos, militantes de movimentos sociais, de partidos, parlamentares, dirigentes de partidos, passam a temer pela sua integridade física também. A situação está completamente fora de controle. O contexto que o golpe criou, de absoluta ilegalidade no país, permite que isso ocorra impunemente", afirma.

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Ao final da entrevista, Juliano Medeiros também comentou a informação divulgada nesta sexta-feira (16) de que a munição utilizada pelos assassinos de Marielle teria sido a mesma utilizada na maior chacina do estado de São Paulo, em 2015, nas cidades de Osasco e Barueri. Foram acusados por esses crimes, policiais militares e civis. A chacina matou 18 pessoas.

"Mostra sem dúvida nenhuma que quem pagou pela munição que matou Marielle fomos nós, através de nossos impostos, que financiamos o Estado, e através de nossos impostos armamos as forças de segurança, e que nesse caso a munição foi desviada de alguma forma das forças de segurança, no caso a Polícia Federal, e serviu para matar uma vereadora eleita com 45 mil votos".

Falando pelo partido, Juliano Medeiros também comentou o que o PSOL tem pensado como sendo as razões que motivaram os assassinos. Eles trabalham com duas possibilidades.

"Há duas hipóteses que para nós se apresentam como hipóteses mais concretas. A primeiras delas é isso, que alguém, sobretudo do segmento da segurança pública, da polícia militar, incomodados com as manifestações e as denúncias que a Marielle vinha fazendo possa ter resolvido dar cabo da sua vida para evitar que a Marielle, e em pouco tempo isso aconteceria, se convertesse em uma das maiores lideranças de direitos humanos do Brasil. Ela tinha uma carreira brilhante pela frente". 

Já a segunda hipótese seria, para Juliano, a de causar uma confusão, gerar repercussão por pessoas que estariam incomodadas com a intervenção, lembrando que o PSOL é contra essa medida. Porém, o partido trabalha com a possibilidade de que alguém teria usado a possível comoção com o fato para incomodar os interventores. Essa possibilidade, acredita ele, viria de setores incomodados com a possibilidade de medidas de combate à corrupção dentro das forças de segurança do estado.

Marielle foi assassinada junto com seu motorista Anderson Pedro Gomes na noite da quarta-feira (14) quando voltava para casa após um debate com mulheres negras no centro da cidade. Sua morte causou comoção nacional e internacional, levando dezenas de milhares de pessoas a protestar nas ruas do Brasil inteiro.

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