'Primeiro estágio sempre é raiva': analista comenta sobre reação ao discurso de Putin

Gevorg Mirzayan, especialista em política externa, explicou a reação norte-americana ao discurso do presidente russo, Vladimir Putin, perante Assembleia Federal do país em 1º de março.
Sputnik

A mídia internacional continua comentando sobre o discurso do presidente russo perante Assembleia Federal do país, durante o qual Putin apresentou diversas armas russas novíssimas. O comunicado do líder russo deixou os veículos da mídia agitados. Em particular, alguns afirmaram que Moscou possui um "armamento invencível", enquanto outros interpretaram o discurso de Putin nada mais nada menos como ameaça direta aos países do Ocidente e declaração de uma nova "Guerra fria".

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O jornal norueguês Aftenposten publicou um artigo intitulado de "Putin apresentou nova arma do Juízo Final". O The Sun britânico atraiu a atenção com a manchete "Dedo no botão". O Washington Post qualificou o discurso de Putin como "mensagem para Washington" na sequência dos recentes planos apresentados de Donald Trump para desenvolver um novo arsenal de armamento nuclear. Não é uma coincidência que várias mídias apontam para o novo programa nuclear dos EUA como um dos principais impulsionadores do endurecimento da "retórica russa".

Da mesma opinião compartilha Gevorg Mirzayan, que se expressou durante entrevista com a Sputnik Internacional.

"Novas doutrinas norte-americanas quanto à segurança nuclear e nacional foram adotadas durante os últimos meses. Nestas doutrinas, os EUA nem mesmo tentaram esconder sua intenção de forçar seus parceiros geopolíticos a fazerem o que [EUA] precisam", assinalou Mirzayan.

"Putin, por outro lado, demonstrou claramente que qualquer pressão de poder em nosso país é inaceitável. E ele não fez isso por palavras, mas demonstrando nosso armamento", acrescentou.

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Washington desenrolou uma nova e dispendiosa estratégia nuclear no início de fevereiro, provocando uma forte reação da Rússia, e por este motivo, a edição Financial Time assinalou que as ameaças de Putin não surpreendem a Colina do Capitólio. 

Entretanto, nenhum jornalista estrangeiro apontou a mensagem mais importante do discurso de Putin: ao apresentar as novas armas, o presidente russo destacou: “Nossa política nunca será baseada na pretensão e na excepcionalidade; não vamos somente proteger nossos interesses, mas também respeitar os interesses de outros países”.

Mirzayan indicou como os EUA deveriam reagir.

"1ª Opção: os EUA continuarão gastando enormes recursos para desenvolver medidas de contenção para as armas russas. Ou, em Washington entenderão que é mais viável chegar ao que o mundo viveu nas décadas de 70 e 80. Estou falando de um sistema de estabilidade estratégica — algo que Putin ofereceu para repetir" argumentou Mirzayan.

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"Com a paridade nuclear entre Rússia e EUA, o mundo nunca poderá dormir quieto, já que cada lado pode destruir o adversário de forma igualmente eficaz. Portanto, [esta paridade] não garante a paz. Entretanto, acordos concretos sobre a criação de um sistema de segurança coletiva na Europa, algo que Putin propôs há muito tempo — isso realmente asseguraria a diminuição das tensões", explicou.

Contudo, a realidade é que os EUA não reconhecem a necessidade de fazê-lo, assinalou Mirzayan.

"Putin delineou uma nova realidade. Os psicólogos destacam várias fases da reação a uma nova realidade. A primeira sempre é raiva, repulsão e negação a aceitar uma nova realidade. Esta é a fase que vemos agora na mídia ocidental", disse Mirzayan. 

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"Porém, a Rússia tem que lidar com isso tranquilamente, sem histeria, apenas deixando que os analistas se acalmem. Mais tarde, certamente veremos uma análise coerente de como devemos viver neste novo mundo. Contudo, é claro que os EUA não chegarão para isso rapidamente, uma vez que a política norte-americana é abundante de mitos sobre a ameaça russa e de uma nova Guerra Fria com a Rússia", concluiu.

Anteriormente, o porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov assinalou que as novas armas da Rússia não representam ameaça para os que não planejam atacar o país.

De acordo com o Modelo de Kübler-Ross, mencionado pelo especialista, também conhecido como Modelo de Sofrimento de Kübler-Ross, uma pessoa passa a lidar com a perda, luto ou outro evento traumático por cinco fases de reação emocional e intelectual. Estas são, em ordem cronológica, negação, raiva, negociação, depressão e, finalmente a aceitação.

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