Erdogan sugere homenagem à criança que poderia ser mártir em guerra em Afrin (VÍDEO)

Em um ato de propaganda estranho, ao instar a nação a estar pronta para a mobilização, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan convidou uma pequena menina vestida em um uniforme militar para subir ao palco e assegurou à criança, que chorava, que ela receberia honras de Estado se fosse morta.
Sputnik

O episódio polêmico aconteceu quando Erdogan estava dirigindo um congresso provincial do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), na província do sul de Gaziantep, no último sábado.

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O líder turco aproveitou a ocasião para estimular o apoio público à operação militar em curso contra as milícias curdas na Síria - e lembrar os que completaram o serviço, mas ainda tinham "ordens de mobilização ativas" para serem recrutados de novo se a situação exigir.

Em um ponto, uma menina presente, que estava vestida com uniforme militar completo e com uma boina marrom usada pelas Forças de Operações Especiais turcas, capturou a atenção de Erdogan, de acordo com as imagens de televisão do discurso.

O presidente turco convidou a criança para subir ao palco, que parecia ter quatro ou cinco anos, para ficar no palco ao lado dele. Ela o fez, embora aparentemente estivesse desconfortável, a julgar por seus soluços.

"Veja o que você vê aqui! Menina, o que você está fazendo aqui? Nós temos nossos boinas marrons aqui, mas boinas marrons nunca choram", disse o presidente turco à criança em uma aparente tentativa de acalmá-la.

"Ela também tem uma bandeira turca no bolso", disse Erdogan ao público, abraçando a garota.

"Se ela for martirizada [morta], eles colocarão uma bandeira sobre ela, se Deus quiser", ele acrescentou em uma tirada bizarra: "Ela está pronta para tudo, não é?".

A garota confusa apenas respondeu: "Sim". Erdogan então beijou o rosto da menina e a deixou ir.

A cena bizarra foi acompanhada por gritos de “Chefe, nos leve para Afrin!”, de acordo com alguns informes da mídia local. A audiência referiu-se ao enclave no norte da Síria dominado pelas milícias curdas, a quem as forças turcas têm atacado na operação militar Ramo de Oliveira.

O incidente já foi criticado pelo Partido Democrático dos Povos Pró-Curdo (HDP), que se opõe à operação de Ancara na região de Afrin. "A mentalidade que abusa os filhos, prometendo-lhes a morte, vai perder. Ganharemos a luta pela vida livre e feliz das crianças!", afirmou a legenda no Twitter.

O aparente movimento de relações públicas de Erdogan também foi criticado pelo membro do HDP e pelo ex-co-presidente, Ertugrul Kurkcu, que disse que "as crianças são abusadas para mostrar que a guerra é legítima".

O exército turco lançou sua última operação contra o YPG - uma milícia liderada por curdos que considera uma ala do PKK, um movimento armado que Ancara lista como terroristas - no mês passado. Os curdos controlam vários enclaves no norte da Síria, incluindo Afrin, que eles tomaram de militantes islâmicos e terroristas durante o conflito sírio com o apoio ativo da coalizão liderada pelos EUA.

Um total de 1.780 "terroristas" foram "neutralizados" desde que Ancara começou a lançar ataques aéreos e suas tropas avançaram para os territórios curdos, de acordo com o Estado-Maior turco. Ancara insiste em que a ofensiva visa apenas neutralizar as ameaças à sua segurança nacional, negando alegações de que tenha atingido civis.

Damasco tem repetidamente condenado a operação como uma violação da soberania do país e uma "agressão" que reivindica vidas civis inocentes, mas até agora hesitou em implantar seu Exército regular na região. As milícias leais a Damasco, no entanto, chegaram na área de Afrin na semana passada para dar suporte aos curdos apoiados pelos EUA contra Ancara, complicando ainda mais a situação no norte da Síria.

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