Escolha difícil: como Israel pode responder à derrubada do caça F-16

Os sistemas de defesa antiaérea sírios derrubaram um caça israelense F-16 no sábado passado (11). Isto coloca Tel Aviv perante uma escolha bem difícil.
Sputnik

Israel terá que mudar sua política em relação à Síria ou fazer frente à Rússia, opina Gevorg Mirzayan, professor do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Finanças do Governo da Rússia.

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O incidente ocorreu, segundo vários dados, por causa de um drone iraniano que violou o espaço aéreo israelense voando do território sírio. O drone foi abatido e a Força Aérea de Israel realizou uma série de ataques contra instalações militares sírias. Um caça F-16 de Israel resultou derrubado pelos sistemas de defesa antiaérea da Síria e caiu em território israelense.

Este incidente faz surgir várias perguntas, e a principal é — como serão as ações seguintes de Israel na Síria?

Em Tel Aviv asseguram que os israelenses continuarão contendo os iranianos na Síria, porque, segundo declarações do premiê Netanyahu, Irã pretende usar o território sírio para atacar Israel. Mas, frisa Mirzayan no seu artigo para Sputnik, os atuais métodos que usam os militares israelenses são insensatos e até contraprodutivos.

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Hoje em dia a contenção de Israel se reduz a ataques regulares contra forças iranianas e pró-iranianas (como o Hezbollah) na área das Colinas de Golã e contra infraestruturas onde, segundo os militares israelenses, estão instaladas armas de alta tecnologia. Esta estratégia se mostrou pouco eficaz, já que o Irã continua aumentando sua presença na Síria. No entanto, no âmbito desta estratégia Israel ao menos demonstrava sua atividade, tanto para o mundo quanto para sua própria população.

Com a derrubada do F-16, destaca Mirzayan, o custo desta demonstração aumentou bruscamente. A Síria deu a entender que pode responder aos ataques aéreos de Israel, o que faz este pensar em outras estratégias, mais eficazes e duras, para "conter o Irã na Síria", e para isso Tel Aviv não dispõe nem de capacidades militares, nem de instrumentos jurídicos.

Analista aponta que teoricamente as autoridades israelenses poderiam ordenar a entrada de tropas no território sírio para limpá-lo dos terroristas, mas na prática isto não é possível.

Mesmo admitindo que Tel Aviv dispõe de todos os recursos necessários, não está claro o que Israel faria com terras do sul da Síria porque, primeiro, não tem estruturas fantoche para administrar estes territórios e, segundo e o mais importante, é que uma verdadeira invasão levaria ao confronto inevitável do exército israelense com a Força Aeroespacial russa, com todas as consequências decorrentes.

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No que diz respeito às possibilidades jurídicas, os americanos podem falar o quanto desejarem sobre apoio ao "direito inalienável de Israel a se defender das ameaças aos seus territórios e ao seu povo", mas o direito internacional neste assunto está no lado da Síria. As colinas de Golã, ocupadas por Israel, são formalmente território da Síria e Bashar Assad, como presidente legítimo do país, tem o direito de fazer tudo o que achar necessário nestas terras.

Para além disso, o autor lembra que, tanto Israel e EUA quanto a Arábia Saudita, se tornam cada vez mais isolados no que diz respeito à questão iraniana. Os parceiros europeus, sem falar da Rússia e aliados muçulmanos, não compartilham do entusiasmo de Washington, Tel Aviv e Riad na questão da contenção de Teerã através de guerras periféricas e também estão categoricamente contra a posição dos EUA quanto ao acordo nuclear com o Irã.

Israel dispõe de poucas opções para suas ações. O preferível seria aceitar a realidade, aponta Mirzayan. A realidade é que o Irã permanecerá na Síria e tudo o que Tel Aviv pode fazer é tornar a presença iraniana não dominante, mas apenas fundamental.

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Para isso, são necessárias negociações, em primeiro lugar com Moscou. A Rússia pode ajudar Israel a conseguir certas restrições para as instalações militares iranianas na Síria. Benjamim Netanyahu, por sua vez, pode influenciar Trump para que os EUA parem com a sabotagem do processo de paz na Síria e assim fazer avançar negociações do Ocidente com Damasco para defender seus interesses no espaço da Síria, inclusive os relacionados com o Irã. Netanyahu pode, mas a pergunta é se ele quererá fazê-lo, resume Mirzayan.

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