Opinião: Moscou é contra conflito militar turco-americano, mas ele seria difícil de evitar

Os EUA, não só não cumpriram sua palavra dada ao presidente turco que eles não iriam armar os curdos, como começaram criando "forças de segurança" compostas de combatentes curdos.
Sputnik

Atualmente estão sendo treinados cerca de 200 combatentes e planeja-se que o número total de efetivos "das forças" será de 30 mil.

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Os destacamentos serão instalados nos territórios controlados pelos curdos (ao longo das fronteiras com Turquia e Iraque). O objetivo é defender interesses dos curdos e dos EUA, mesmo fora do território da Síria.

A posição de Ancara quanto ao assunto é bem firme: o presidente turco prometeu que o projeto da coalizão "será morto à nascença" e declarou que a operação turca contra os curdos pode ser iniciada a qualquer momento.

Gevorg Mirzayan, professor do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Finanças do Governo da Rússia, esclarece o assunto em seu artigo para a Sputnik.

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Claro que os EUA tentarão impedir essa operação por todos os meios possíveis, não apenas diplomáticos. Segundo alguns dados, Washington já entregou aos curdos meios de defesa antiaérea (para contrabalançar a supremacia aérea da Turquia) e também está realizando trabalho subversivo entre os combatentes locais, que a Turquia pretende usar como infantaria durante a operação, apelando que "não se submetam às ordens do invasor Erdogan".

No entanto, destaca Mirzayan, é muito provável que a operação turca seja iniciada, o que realmente já está acontecendo: artilharia da Turquia bombardeou as posições curdas em Afrin em 13 de janeiro. Segundo o analista, a operação será exitosa para os turcos, pelo menos na área ocidental de Afrin, que está cortada do resto do território curdo.

Para o especialista, o Kremlin não quer apoiar nenhum dos lados neste conflito. Primeiro, porque a Rússia não está de acordo com a tentativa dos EUA de isolarem o Curdistão sírio, o que foi declarado pelo chanceler russo ontem, 15 de janeiro. No entanto, quanto à operação turca, Moscou tem uma posição dúbia.

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A Rússia está a favor de uma resolução diplomática da questão curda e com participação dos próprios curdos no processo político. Além disso, há de lembrar, que não foram apenas os EUA, mas também a Rússia que deu certas garantias de segurança aos curdos de Afrin. E Moscou, sublinha Mirzayan, ao contrário de Washington, cumpre sempre seus compromissos.

Há dois cenários possíveis: primeiro, Kremlin pode vetar a operação turca, mas isso pode resultar prejudicar a parceria tática entre Moscou e Ancara; outro, seria aceitar a realização da operação em troca de concessões em Idlib e relativamente ao futuro do presidente Assad por parte da Turquia. Levando em consideração a importância da questão curda para a Turquia, é muito provável que Erdogan possa considerar esta opção.

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A operação, caso seja iniciada, pode agravar significativamente as relações político-militares entre Ancara e Washington. Mas esta opção ameaçaria resultar em prejuízos de imagem para a Rússia. Além disso, a operação retiraria do jogo sírio a carta curda, que tanto Washington como o Kremlin poderiam utilizar, nas condições ideais, para conter as ambições da Turquia.

Por isso, resume Mirzayan, a melhor saída para Moscou seria uma solução diplomática, sem recorrer às ações militares, ou seja, acordar com Washington a suspensão da separação dos curdos, libertar Erdogan da ameaça curda e, ao mesmo tempo, dar a entender aos curdos quem os salvou e o que eles ficariam a dever. No entanto, lamenta o analista, isto apenas é possível se houver autoridades construtivas e capazes de negociar tanto em Ancara, como em Washington, o que neste momento parece não existir.

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