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'Invasão de venezuelanos' alerta sobre racismo e xenofobia no Brasil

O Brasil nunca recebeu tantos pedidos de refúgio quanto em 2017. Foram 33.865 solicitações, um aumento de 228% ante 2016, de acordo com o Comitê Nacional para os Refugiados. Em solo brasileiro, algumas destas pessoas sofrem com o racismo e a xenofobia ao buscarem sua inserção na sociedade.
Sputnik

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A maior parte do fluxo de refugiados é formado por venezuelanos, com 17.865 solicitações vindas do país de Nicolás Maduro. Eles entram no Brasil principalmente pela região norte, Roraima registrou 47% dos pedidos de refúgio em 2017, de acordo com dados obtidos pelo G1.

"A Venezuela atravessa uma grave crise econômica e social e, portanto, humanitária também. O Brasil, pela sua proximidade, tem sido um dos países procurado pelos venezuelanos. Essas pessoas têm direito, uma vez que estejam em território brasileiro, de solicitar refúgio(…) O problema é que por conta do excesso de pedidos, a análise dos casos chega a demorar dois anos", diz Juana Kweitel, diretora-executiva da ONG de direitos humanos Conectas.

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Os outros países que apresentaram mais pedidos foram: Cuba (2.373), Haiti (2.362), Angola (2.036) e China (1.462).

"Se somarmos refugiados reconhecidos e solicitantes de refúgio, temos algo em torno de 50 a 60 mil pessoas e, considerando o tamanho do território brasileiro e o tamanho da população, percentualmente é um número muito baixo. Principalmente quando comparado com outros países que têm recebido uma quantidade grande de refugiados. Claro que quando você tem essas pessoas concentradas em algumas regiões do país, isso traz dificuldades e desafios adicionais. Como é o caso de Roraima", diz o oficial de integração do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) Paulo Sérgio Almeida.

O funcionário do ACNUR ressalta que o refugiado é diferente do imigrante. "Quando falamos de refúgio, é um deslocamento forçado de pessoas, elas têm que sair dos países para preservar suas vidas, suas integridades físicas e liberdades. São pessoas que tem a necessidade de buscar uma nova vida em outro país", afirma Almeida.

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Maressa Bernardo trabalha com a inserção profissional de refugiadas e conhece detalhes da vida destas mulheres. Ela é analista de planejamento da agência de recursos humanos Fox Time, que faz parte do projeto "Empoderando refugiadas", do ACNUR. Segundo Maressa, muitas mulheres que são atendidas pela Fox Time em São Paulo são africanas e possuem ensino superior. Entretanto, elas costumam trabalhar em vagas de menor qualificação técnica e em serviços como limpeza porque a validação de diplomas estrangeiros é "muito burocrática". 

"Tivemos uma refugiada que pediu desligamento e buscou ajuda porque sofreu racismo. Então, existem alguns casos, principalmente pela origem africana, em que estas mulheres sofrem racismo e se enxergam nessa situação de mulher, negra e refugiada", conta Maressa.

A diretora-executiva da Conectas Juana Kweitel diz que a responsabilidade pelo acolhimento de refugiados é partilhada entre o Estado, por meio de políticas públicas, e a própria população brasileira em ações como o combate à xenofobia.

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