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Telegramas enviados ao Brasil mostram Guiana 'ressentida' por pouco apoio ante disputa com Venezuela

© Wikimedia CommonsBacia do rio Essequibo tem grandes reservas de petróleo
Bacia do rio Essequibo tem grandes reservas de petróleo - Sputnik Brasil, 1920, 05.01.2024
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Para autoridades do governo guianês, há um "desconhecimento internacional da real situação" sobre a disputa que persiste há mais de 100 anos entre Georgetown e Caracas.
Em telegramas enviados entre 25 de novembro e 10 de dezembro do ano passado, a Embaixada do Brasil na Guiana escreveu ao Itamaraty dizendo que a Guiana se "ressente" da falta de um apoio "mais enfático" de países vizinhos da América do Sul em torno da disputa pelo território de Essequibo.
As queixas constam em mensagens obtidas pelo jornal O Globo por meio da Lei de Acesso à Informação.
Os telegramas foram enviados para Brasília pela então embaixadora do Brasil na Guiana, Maria Clara Duclos Carisio. Ela foi substituída por Maria Cristina de Castro Martins, que ainda não assumiu. Carisio seguiu para representar o Brasil na Bósnia.
Dois dias após a Venezuela fazer um referendo consultivo sobre Essequibo, no dia 5 de dezembro, a embaixadora relatou ao Itamaraty o teor de uma conversa reservada que manteve com seu homólogo guianês, Hugh Todd.
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Na avaliação de Carisio, considerando que a Guiana "não tem Exército" – ou seja, não tem capacidade de pressão ou de intimidação –, "não haveria ambiente para qualquer negociação bilateral em bases equilibradas".

"Quaisquer que sejam as chances de a Guiana obter ganho de causa na Corte Internacional de Justiça [CIJ], as chances de êxito em uma negociação bilateral são nulas. O que se busca, portanto, é o apoio da comunidade internacional, em especial dos mandatários da América do Sul, no sentido de manifestar seu apoio. [...]", escreveu.

Ainda no mesmo telegrama, Carisio contou sobre um breve encontro que teve com o presidente da Guiana, Irfaan Ali. Na ocasião, Ali "disse contar com o apoio do governo brasileiro para buscar o arrefecimento das tensões atuais em torno do contencioso do Essequibo".

"Em conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o assunto já foi diversas vezes tratado [...] uma vez que a Venezuela declara não aceitar a jurisdição da CIJ e não há qualquer sinal de que venha a reconhecer que a região pertence à Guiana, entendimentos bilaterais seguem descartados e o governo da Guiana ressente-se da falta de um apoio mais enfático da parte dos governos da região", escreveu a ex-embaixadora reportando a conversa com Irfaan Ali sem mencionar o nome de nenhum país.

Depois da reunião entre os dois países no dia 14 de dezembro, mediada pelo Brasil, o assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, disse que o encontro "superou as expectativas" e que ambas as partes prometeram "continuar o diálogo" e evitar que a situação tomasse proporções reais de conflito.
No entanto, após o Reino Unido enviar um navio de guerra para região, as tensões elevaram novamente. O Itamaraty divulgou uma nota afirmando que o governo brasileiro "acompanha com preocupação" os desdobramentos da disputa por Essequibo, e que "demonstrações militares de apoio devem ser evitadas".
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A disputa entre Caracas e Georgetown por Essequibo – que tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo, estimada em 11 bilhões de barris – é antiga e remonta a mais de 100 anos. Empresas como ExxonMobil, TotalEnergies e China National Offshore Oil Corporation têm contratos bilionários de perfuração na região.
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