Segundo o documento, o tratamento dado aos jornalistas foi "antidemocrático" ao "restringir o trabalho da imprensa".
Segundo relatos dos próprios jornalistas no Twitter, até o acesso à água e ao banheiro estavam limitados.
Jornalistas da França e da China se rebelam e abandonam sala onde estavam confinados no Itamaraty. Disseram que não aceitariam ficar em cárcere privado até às 17h, quando seriam liberados para fazer registros da posse de Bolsonaro. Essa rebelião deveria ser geral. #CBnaPosse
— Vicente Nunes (@vicentenunes) 1 de janeiro de 2019
"Confinados desde as 7h, alguns com acesso limitado a água e a banheiros, eles não puderam interagir com autoridades e fontes, algo corriqueiro em todas as cerimônias de início de governo desde a redemocratização do país", escreveu a Abraji.
Em nações democráticas ocidentais, como os EUA, Canadá, França, Alemanha e Reino Unido, jornalistas têm total liberdade para exercerem seu trabalho. Restrições a jornalistas ocorrem em ditaduras de direita e esquerda como Arábia Saudita, Irã, Cuba, Venezuela, China e Egito
— Guga Chacra 🇧🇷🇺🇸🇱🇧🇮🇹🇦🇷 (@gugachacra) 2 de janeiro de 2019
A colunista da Folha de S.Paulo, Mônica Bergamo, publicou um texto em que relata como foi o tratamento dado aos jornalistas durante a cerimônia. De acordo com a colunista, somente um jornalista de cada veículo pôde entrar no Palácio e com acesso restrito às autoridades, algo inédito desde a redemocratização brasileira.
"Os outros ficariam do lado de fora, na portaria ou num corredor aberto no meio da população. E a assessoria alertava: neste local, era preciso evitar movimentos bruscos. Fotógrafos não deveriam erguer suas máquinas. Qualquer movimento suspeito poderia levar um sniper [atirador de elite] a abater o ‘alvo", escreveu a jornalista.
Leia a nota da Abraji na íntegra:
Um governo que restringe o trabalho da imprensa ignora a obrigação constitucional de ser transparente. Os brasileiros receberão menos informações sobre a posse presidencial por causa das limitações impostas à circulação de jornalistas em Brasília.
Confinados desde as 7h, alguns com acesso limitado a água e a banheiros, eles não puderam interagir com autoridades e fontes, algo corriqueiro em todas as cerimônias de início de governo desde a redemocratização do país.
A Abraji protesta contra este tratamento antidemocrático aos profissionais que estão lá para levar ao público o registro histórico deste momento.