Apenas um pouco mais de dois meses atrás, quando a Sputnik Brasil falou com Konstantin Kolpakov, presidente do Conselho de Jovens Diplomatas da Rússia junto ao Ministério de Relações Exteriores, nem sequer se podia prever tal cenário em que dezenas de países de toda a Europa, além do Canadá e EUA, mandariam ir embora mais de 100 diplomatas russos.
Nos bastidores do 4.º Fórum de Economia Internacional de Yalta, na península da Crimeia, voltamos a encontrar o líder da diplomacia de juventude russa para saber como as recentes medidas têm influenciado o funcionamento da sua entidade.
"Isso não tem impacto negativo no nosso trabalho. Isso contribui para uma percepção mais negativa dos nossos colegas que tínhamos sido acostumados a ver como um pouco mais profissionais, mais qualificados, trata-los com mais respeito. Quando passamos para a língua de suposições, a língua de ‘pode ser que esse ou aquele o tenha feito' sem argumentação sólida […] isso provoca em nós confusão e perplexidade", manifestou o diplomata.
Entretanto, ele sublinhou que apesar da desilusão e desacato, sua entidade continua trabalhando na mesma, sem mudar a sua postura. Assim, o Conselho de Jovens Diplomatas "não fica à parte" dos acontecimentos e se encarrega de discussões em torno das relações russo-britânicas e russo-americanas.
"Mas voltamos a tomar consciência de que temos que ser coerentes, temos que defender nossos princípios, nossos interesses, independentemente de tudo que passa. A receita de sucesso consiste só nisso", explicou.
Kolpakov frisou que recentemente a organização que ele preside tem conseguido vários grandes êxitos, tais como a criação do grupo de trabalho prévio da Associação Internacional de Jovens Diplomatas e do Clube Diplomático de Moscou, que servem e evidentemente servirão para discutir as questões mais urgentes da política internacional em um ambiente informal.
Ele manifestou também sua admiração com o fato de vários jovens diplomatas dos países ocidentais tenham expressado o desejo de encontrar os pontos de convergência com a Rússia, apesar da situação bastante acalorada.
Mas não são apenas as missões diplomáticas que estão em jogo. Não se pode esquecer da ONU que, embora tenha sido muito criticada por sua falta de reformas e incapacidade de tomar decisões em momentos críticos, continua um dos pilares do atual sistema geopolítico.
Deste modo, contou o interlocutor da Sputnik, a entidade usa as ferramentas que decidiu denominar como "diplomacia horizontal", ou seja, a de postos baixos e médios, visando criar uma espécie de bolsa de ar para a ONU. Isso não deve ser visto como uma "réplica da ONU", sublinhou, mas como um plataforma informal que ajudará a construir a "carcaça" de cooperação no futuro e contribuirá para a manutenção do papel das Nações Unidas no mundo, mais respeito para com ela e a garantia de uma ordem mundial verdadeiramente policêntrica.